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O desafio continuará sendo o licenciamento ambiental. Os grandes linhões do Madeira, licitados em 2009, continuam sem licenciamento. E o governo terá ainda de leiloar importantes projetos para ligar outras usinas como a de Teles Pires e Belo Monte. Para os projetos futuros de usinas hidrelétricas, a grande expectativa dos investidores gira em torno dos projetos do complexo do rio Tapajós, no Pará, que vão somar 10 mil MW e já levam grandes investidores do setor a se movimentar e fazer estudos na região.
A principal usina, a de São Luiz do Tapajós, tinha previsão de ser leiloada no ano passado. Mas de acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, o projeto de estudo de impacto ambiental só terá início agora e a expectativa é de que o leilão aconteça em 2012. Pelo atual estudo de viabilidade, conduzido pela Eletrobras, a usina terá capacidade de gerar 6.133 MW, mas Tolmasquim diz que os estudos, que estão sendo feitos, indicam a possibilidade que esse potencial seja elevado.
Este ano, estão previstos os leilões das usinas Sinop e São Manoel, ambas fazem parte do complexo do rio Teles Pires e têm capacidade instalada, respectivamente, de 461 MW e 746 MW. A Neoenergiacom Furnase Odebrecht, como construtora, venceram o leilão da principal usina do complexo, do mesmo nome do rio, e com capacidade de 1,8 mil MW. A disputa pela usina foi acirrada e a Neoenergia baixou fortemente o preço, levando a concessão por R$ 58,36 o Mwh. O preço, com deságio de mais de 30%, surpreendeu até mesmo integrantes do governo federal.
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As usinas do rio Teles Pires tiveram seus estudos de viabilidade integralmente realizados pela EPE, o que, segundo Tolmasquim, deu mais equilíbrio ao leilão realizado em dezembro. Quatro consórcio se inscreveram na disputa e tinham igualdade de informações públicas. "Quando a EPE faz os estudos, evita que um dos atores tenha informação privilegiada", disse Tolmasquim. A questão começou a ser amplamente discutida nos leilões das hidrelétricas do Rio Madeira. Odebrecht e Furnas realizaram os estudos de viabilidade e por isso acreditava-se que tinham informações privilegiadas em relação a outros competidores, apesar da obrigação de que todos os dados fossem divulgados.
De qualquer forma, no leilão de Jirau, o consórcio liderado pela GDF Suezcom a Camargo Corrêasaiu vencedor alterando o eixo de construção da usina. Na tentativa de colocar a EPE como parte de qualquer estudo de viabilidade realizado, já foi enviada uma proposta ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para que o órgão tenha poderes de fiscalização desses estudos e possa exigir relatórios parciais de todo o trabalho realizado. "Seria ainda interessante que ao fim de cada etapa do trabalho fosse realizado um seminário com exposição pública de todo o projeto", diz.
Se o planejamento realizado para o setor se concretizar, somente a região Norte passará a produzir 24% de toda a energia do país em 2019. Um salto de 277% e que vai tirar a importância do Sudeste no fornecimento de energia. A Amazônia legal, já com as licitações realizadas, será responsável por 30% de toda a geração hidráulica. Todos os grandes geradores de energia estão de olho nos projetos que virão. Em um setor que tem sido difícil a consolidação por meio da compra de ativos, as novas usinas, e as da Amazônia especificamente, vão desenhar o mapa dos grandes geradores do país.
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