Redução de geleira pode gerar escassez de alimento na Ásia
Cerca de 60 milhões de pessoas vivendo no entorno da cordilheira do Himalaia deverá sofrer com falta de água nas próximas décadas em consequência da redução nas geleiras.
O impacto da redução nas geleiras, porém, será menor do que anteriormente estimado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da ONU.
O motivo da diferença, segundo os autores do estudo, é que algumas das bacias que cercam os Himalaias dependem mais da água das chuvas do que do derretimento das geleiras para se manter.
As bacias que dependem fortemente das geleiras, como as dos rios Indus, Ganges e Brahmaputra, que cobrem o sul da Ásia, podem sofrer um declínio hídrico de cerca de 20% até 2050.
O rio Amarelo, na China, por outro lado, poderia testemunhar um aumento de 9,5% nas precipitações em consequência das mudanças climáticas.
“Mostramos que apenas algumas áreas serão afetadas”, afirmou Marc Bierkens, professor de Hidrologia da Universidade de Utrecht, que conduziu o estudo junto com Walter Immerzeel e Ludovicus van Beek.
Debate – O estudo é um dos primeiros a examinar o impacto da redução no tamanho das geleiras nas bacias hidrográficas do Himalaia. O resultado deverá esquentar o debate sobre a capacidade de mudanças climáticas devastarem bacias hidrográficas.
Grande parte dos cientistas concorda que as geleiras estão derretendo a um ritmo acelerado a medida que as temperaturas aumentam.
E a maioria associa esse aquecimento diretamente ao aumento nas concentrações atmosféricas de gases-estufa.
Contudo, algumas geleiras, como as do Himalaia, poderiam existir por séculos em um mundo mais quente.
Mas mais de 90% das geleiras do planeta estão recuando, com grandes perdas já observadas no Alaska, Alpes, Andes e outras cordilheiras, segundo pesquisadores dos EUA e Europa.
Relatório do IPCC – Alguns cientistas foram criticados por erros contidos no relatório do IPCC, divulgado em 2007. O relatório sugeria que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035.
Birkens e colegas afirmaram que governos na região deveriam se preparar para as secas que são esperadas, incentivando o cultivo de espécies que necessitam de menos água, o uso de práticas de irrigação mais racionais e a construção de grandes tanques para o armazenamento de água.
“Estimamos que a segurança alimentar de 4,5% da população total será ameaçada como consequência da redução na disponibilidade de água”, escreveram os autores. “É preciso, portanto, priorizar o crescimento na produtividade com água.
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