esforços mundiais contra o desmatamento deveriam dar mais ênfase às causas subjacentes do problema, como a demanda por produtos agrícolas e biocombustíveis, em vez de focar quase exclusivamente no uso das árvores para o combate à mudança climática, como faz a Organização das Nações Unidas (ONU). A afirmação está em um estudo divulgado nesta segunda-feira (24).
O relatório da União Internacional das Organizações de Pesquisa Florestal (Lufro, na sigla em inglês) diz que houve progresso limitado na proteção de florestas nas últimas décadas. Dados da ONU mostram que, entre 2000 e 2009, 13 milhões de hectares - tamanho aproximado da Grécia - foram desmatados por ano.
"Nossas conclusões sugerem que ignorar o impacto das florestas sobre setores como agricultura e energia irão condenar quaisquer novos esforços internacionais cuja meta seja conservar as florestas e desacelerar a mudança climática", disse Jeremy Rayner, professor da Universidade de Saskatchewan, que presidiu o painel da Lufro.
O desmatamento responde por cerca de 10 % de todas as emissões de gases do efeito estufa por atividades humanas. As árvores absorvem carbono ao crescerem, mas liberam gases ao serem queimadas ou apodrecerem. O estudo da Lufro diz que o maior problema é que o desmatamento, seja na Amazônia ou no Congo, costuma ser causado por pressões econômicas muito distantes.
A Lufro cobrou políticas de "complexidade abrangente", como a educação dos consumidores e auxílio a povos indígenas, em vez de usar somente um mecanismo de "tamanho único", como o armazenamento de carbono. O texto elogia medidas como as emendas na Lei Lacey, nos Estados Unidos, que proíbem a importação de madeira extraída irregularmente, e as novas regras brasileiras para a preservação da Amazônia.
O relatório da Lufro será lançado oficialmente nesta semana em evento da ONU que marca o início do Ano Internacional das Florestas. No ano passado, na Conferência do Clima em Cancún, no México, quase 200 países decidiram ampliar seus esforços de proteção florestal, por meio da elaboração de preços para o carbono armazenado em árvores, entre outras medidas.
Os autores do estudo da Lufro disseram que o plano da ONU, conhecido como Redd+, é promissor. "Nossa preocupação é que não seja suficiente", disse Benjamin Cashore, da Universidade Yale, um dos autores do trabalho.
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